Os prós e contras das vacinas
A vacina é considerada uma das grandes descobertas da humanidade. Tem o poder de prevenir doenças e até mesmo de erradicá-las. Ainda assim, é alvo de polêmica
A preocupação com a proliferação de vírus e bactérias, especialmente entre as crianças, aumenta neste período do ano. Como consequência, durante todo o outono, cresce a procura por vacinas contra gripe, meningite, rotavírus, caxumba, catapora e sarampo em laboratórios e postos de saúde. Poucas pessoas se dão conta, porém, que os benefícios das vacinas não são apenas individuais.
“Além de proteger cada criança de doenças específicas, os programas de vacinação têm uma importância social, pois ocorre uma redução na incidência de determinadas doenças, podendo chegar à erradicação, exemplo do que aconteceu com a varíola, que não existem mais na América Latina, e a poliomelite, erradicada do Brasil”, observa o pediatra e homeopata Cícero Alaor Kluppel.
Saiba mais
Para ampliar a segurança no uso de vacinas, veja o que recomendam os especialistas:
Na hora de vacinar:
- Siga a orientação do seu médico.
- Vacine a criança em um local idôneo.
- As vacinas incluídas no calendário de vacinação são suficientes para proteger as crianças. A indicação de outras vacinas só deve ocorrer no caso de surtos ou se a família vive em uma área endêmica.
- Vacinas lançadas antes que todos os procedimentos de segurança sejam realizados não devem ser utilizadas.
- Descubra antes se a criança é alérgica a algum componente da vacina.
- Gestantes não devem ser vacinadas durante o primeiro trimestre.
Calendário
- Fazem parte do programa nacional de imunização as vacinas contra: rotavírus; tuberculose; hepatite B; sarampo; rubéola; difteria, tétano e coqueluche; vírus influenza; paralisia infantil. Acesse www.sbim.org.br para saber mais sobre o assunto.
Novidades:
- As vacinas contra a aids, a dengue e o mal de Alzheimer ainda estão em fase de testes.
- Já a nova vacina contra as doenças pneumocócicas (Prevenar 13), o rotavírus, o papiloma vírus humano e a gripe aviária foram os lançamentos mais significativos.
De acordo com os especialistas, o impacto dos programas de imunização para a humanidade só é menos importante do que o da água potável. “As vacinas acabam protegendo um número bem maior de indivíduos do que apenas aquelas que foram vacinadas. Uma criança vacinada impede a infecção de outras duas pessoas. É o chamado efeito rebanho”, explica o infectologista pediatra Eitan Berezin, presidente do Departamento de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pediatria (SPB).
Mesmo que se imunize apenas as crianças, a incidência da doença cai entre pessoas de outras outras faixas etárias, acrescenta o infectologista Jaime Rocha, da Diagnósticos da América (Dasa).”Elas também serão protegidas porque estão em contato com indivíduos que vão eliminar por via oral e fecal o vírus da vacina, que é a versão mais branda da doença. Mas isso só ocorre com as vacinas de vírus oral vivo”, lembra.
Para se ter uma ideia, em todo o mundo, as doenças pneumocócicas matam 1,6 milhão de crianças por ano. No Brasil, a pneumonia é a segunda maior causa de morte entre as crianças. Nos Estados Unidos, com a inclusão da vacina Prevenar contra doenças pneumocócicas no calendário oficial, houve uma redução de 40% dos casos da doença entre crianças menores de 2 anos, o que tem evitado a hospitalização de 40 mil crianças por ano.
Controvérsia
Mas, apesar dos pontos positivos, existem muitos pais e médicos que são contra a imunização infantil. De acordo com o médico homeopata Mauro Carbonar, as vacinas enfraquecem o sistema imunológico e fazem com que o homem perca a capacidade de reagir a novas doenças que podem surgir no futuro. Os efeitos colaterais provocados pelas vacinas são outra preocupação. Acredita-se que as vacinas podem causar doenças neurológicas, doenças degenerativas, e que a aplicação de várias vacinas de uma vez pode sobrecarregar o sistema imunológico.
Carbonar defende que pessoas com uma condição socioeconômica privilegiada tomem apenas as vacinas que evitam risco de morte, como poliomelite, mas que as vacinas contra viroses, como sarampo, tosse comprida e varicela não são necessárias. “Entretanto, temos de levar em conta que vivemos em um país pobre, com problemas de higiene e saneamento básico. Por isso a vacinação em massa é recomendada, para evitar surtos e epidemias”, argumenta.
Tipos
O infectologista Jaime Rocha explica que os efeitos colaterais não são frequentes e lembra que existem dois tipos de vacina: as que contêm o vírus vivo e atenuado e as que não contêm vírus e bactérias. “As vacinas contra sarampo, poliomelite, varicela e caxumba contêm o vírus vivo e, por isso, podem causar uma reação febril e sintomas semelhantes a uma gripe, se a criança for imunodepressiva. Já o segundo grupo de vacinas, entre elas a da gripe, não causa nenhum efeito colateral”, garante.
Cícero Alaor Kluppel diz que os argumentos usados por quem é contra a vacinação não têm respaldo científico e que é preciso pensar no bem comum. “Uma das causas da diminuição da mortalidade infantil é a imunização. Não só por ela, mas quando se introduz a vacinação em uma população, junto vai a geladeira, a eletricidade, o agente de saúde, fatores que já modificam o padrão de saúde dessa comunidade”, lembra o homeopata.
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